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Acabo de iniciar uma viagem que não terá volta.
Durante anos, sonhei com esta viagem, cada contorno, sensação e emoção. Na última década, concretizei outras viagens de sonho, outras atividades que me entusiasmaram e esta passou para segundo, terceiro plano … sem “falsas penas”. Deixou de ser “a viagem…” Já nem tinha certeza se a queria mesmo!
Mas, meu último aniversário, olhei para os números nas velas e concluí que se continuasse a adiar talvez nunca a chegasse a fazer.
Assim, apesar da situação financeira e profissional não ser a ideal, iniciei o planeamento da mesma. Sem ansiedade, sem grande emoção, mas convicta que era a hora certa. Guiada pela razão e não pelo coração. Fui. Confesso que a data da partida foi mais rápida do que esperava. Contava que a ansiedade e a expectativa me travassem e que o “é agora”, se tornasse num “muito em breve”. Mas não, como em tudo na minha vida, não deixei para amanhã o que podia fazer hoje.
Assim aqui estou. Parti há dois meses. Comuniquei apenas às pessoas muito próximas. Não me apeteceu e ainda não me apetece fazer conversa com o resto do mundo que me rodeia. Se está a ser como esperava? Não. Sinto-me em baixo a maior parte dos dias. Não estou arrependida, mas sinto que preciso de mais tempo para me habituar a estas novas paisagens e rotinas e mais tempo para me desformatar dos meus comportamentos e maneiras do local que me era tão confortável. A parte financeira também me preocupa e não me deixa desfrutar a 100 % desta experiência. Estou baralhada, tensa e pouco entusiasmada.
O bom de tudo é que não embarquei sozinha. O meu companheiro de viagem está híper-entusiasmado, super-feliz e encanta-se com cada pormenor. É a pessoa certa para esta viagem. Percorre cada km com alegria e apenas deslumbra coisas interessantes. Nem os obstáculos inesperados lhe tiram o positivismo. Faz-me rir quando muitas vezes me apetece chorar. E sei que isso vai contagiar-me. A minha posição, também é diferente: Eu sou a condutora e as estradas são longas e por vezes penosas, mas como co-piloto tem sido imprescindível e não vacila.
Tudo isto para dizer que as coisas não são preto e branco. Nada é só bom ou só mau. A felicidade não é instantânea, constrói-se. O que para uns pode ser logo maravilhoso, para outros pode demorar mais um pouco. Mas sobretudo, toda esta reflexão, serve para alertar que não devemos esconder que mesmo um grande objetivo de vida tem os seus momentos desafiantes e menos bons. E há que passar bem acordada pelo lado negativo para receber as coisas boas com o nível de gratidão que elas merecem.
Se tudo correr bem (e como eu quero que corra bem) em Junho terminamos esta viagem. Regressaremos acompanhados. Uma companhia para a Vida. Um filho.
Continua….